Escondem-se nas dunas para assaltar restaurantes

Publicada por Carlos Tendeiro | terça-feira, setembro 29, 2009

Ladrões usam diamante para cortar vidro e entram nos estabelecimentos. Assaltos nas barbas da Polícia Marítima desesperam concessionários
O crescente número de assaltos aos novos apoios de praia da Costa de Caparica (Almada) lançou um clima de insegurança sem precedentes entre os concessionários dos estabelecimentos. Os ladrões têm atacado sempre na calada da noite, com recurso a um diamante (ferramenta para cortar vidro), fazendo um corte em forma de círculo numa das janelas traseiras, com o diâmetro de uma roda de automóvel. Depois partem só o interior desse círculo, com uma pancada seca, para não se ouvir ruído e entram nos restaurantes, alguns deles situados nas imediações do posto da Polícia Marítima (PM).
Apesar de nem todos os concessionários vítimas de roubo quererem assumir publicamente que foram assaltados, nos últimos dias, admitiam ontem ao DN que começa a ser raro o fim-de-semana em que não se regista, pelo menos, um roubo, ou tentativa, havendo casas que já foram invadidas várias vezes no último mês, como aconteceu com o Espaço 20, que regista três assaltos.
Ao lado, o vizinho João Lourenço, gerente do restaurante Delícias da Praia, é que já não consegue calar a sua revolta, depois de uma destas manhãs ter deparado com uma abertura circular num dos vidros. "Vi logo o que se tinha passado, porque já tinha o exemplo dos meus colegas. Tive um prejuízo enorme, porque levaram os 500 euros que estavam na registadora, mais a máquina de fazer sumos, além do dinheiro da máquina dos brindes", lamenta o empresário, para quem a disposição actual dos estabelecimentos "convida os ladrões." É que a imensa duna entretanto criada artificialmente ao longo das obras do Costa Polis - que mistura areia, entulho, ferro e outros detritos - formou um vale junto aos apoios de praia, permitindo que várias pessoas aí se possam esconder sem serem vistas da Av. General Humberto Delgado.
"Tem sido assim que eles atacam, depois da última ronda da PM, que passa aqui por volta das 02.00", garante, exigindo que a administração do Polis retire a duna das traseiras dos estabelecimentos para "ajudar a reduzir a criminalidade". Fonte policial admitiu ao DN que as forças de segurança estão atentas a este fenómeno e que a PM tem acorrido aos locais sempre que é solicitada, ou quando há sinais de "movimentações suspeitas" detectadas pelo único guarda- -nocturno de serviço. Porém, os concessionários alertam que um só guarda-nocturno não é capaz de vigiar uma frente marítima tão extensa, sendo que Carlos Pereira, funcionário de um dos estabelecimentos alvo de dois assaltos, garante que "o guarda tem apenas uma lanterna e um telemóvel. O que pode fazer com gente que está armada?".
Nota do Sindicato;
É este o estigma que o desarmamento está a criar.