Mais um que se Intitula Guarda-Nocturno sem o ser.

Publicada por Carlos Tendeiro | sábado, dezembro 01, 2007

O que será que a Associação Nacional de Guardas-Nocturnos fez em relação a este assunto, Supostamente NADA.
De caçadeira na mão e dominado pela raiva, um guarda-nocturno deixou, ontem de madrugada, um rasto de estragos em três armazéns e num restaurante da Zona Industrial de Aveleda, em Vila do Conde. Não houve vidro que escapasse à pontaria de José Zeferino Ribeiro, de 47 anos, que justificou, ao JN, o ataque de fúria com o facto de "não ser pago" pelos proprietários dos estabelecimentos. Estes, contudo, garantem que sempre recusaram os serviços do vigilante, apesar de ele os tentar impôr "a toda a força" . O homem acabou por entregar-se à PJ e voltou para casa horas depois, não tendo sido detido por estar em causa apenas um crime de danos. Os distúrbios começaram cerca da meia-noite. A tranquilidade da zona industrial foi abalada por uma sucessão de disparos de "shotgun" e pelo estilhaçar de vidros. Em poucos minutos, compõe-se um verdadeiro cenário de destruição, com várias dezenas de chumbos crivados nas fachadas de alguns dos edifícios. No total, o indivíduo terá efectuado cerca de uma centena de disparos. "Andava a trabalhar de graça. Nunca pagaram o que me devem, apesar de eu lhes guardar os armazéns. Fiz o que tinha de fazer", argumentou José Zeferino, que ontem de manhã já se encontrava na sua habitação, na Maia, depois de ter passado pelas instalações da Polícia Judiciária do Porto.
"Foi uma coisa que me deu na cabeça. Foi um aviso", continuou o guarda-nocturno que trabalha para uma das firmas da zona industrial.Regressou ao trabalhoApós a inesperada sessão de tiro ao alvo, o guarda-nocturno - que se intitula "dono da noite de Aveleda" - refugiou-se num dos telhados, munido da caçadeira e de uma botija de gás. Já com um forte contigente da GNR no local, à qual se juntaram negociadores da PJ, ao fim de cerca de três horas, entregou-se sem causar mais problemas. Foram-lhe apreendidas a "shotgun" e um arsenal de armas brancas.Os proprietários dos estabelecimentos danificados, que ontem de manhã contabilizavam os prejuízos, negaram qualquer ligação laboral a José Zeferino e lamentaram o "acto de vingança".
"Ele tinha feito segurança durante a construção dos armazéns e foi dispensado. Contactou-nos depois para continuar a fazer esse serviço e queria receber, mas não aceitamos, até porque ele não passava facturas, por não estar colectado. Deu a entender que podia haver represálias, mas nunca pensei que chegasse a este ponto...", revelou Margarida Mota, responsável pela "ClimaSun" (firma de ar condicionado).
"Intitulava-se guarda-nocturno e queria a toda à força que lhe pagássemos, mesmo sem ser credenciado. Temos o nosso alarme, não precisamos dele", corroborou Manuel Campos, um dos donos do restaurante "Montana". O vigilante cobraria um montante na ordem dos 100 euros mensais.José Zeferino acabou por regressar à zona industrial, ao final da tarde de ontem. "Chegou tranquilamente como se nada fosse e foi para o posto de trabalho", contou ao JN uma testemunha, acrescentando que uma patrulha da GNR esteve no local como medida de precaução.