Homenagem a um colega acidentado!

Publicada por Carlos Tendeiro | domingo, novembro 18, 2007

TODOS OS AMIGOS SE AFASTARAM"
(Paulo Aires, 42 anos, ficou paraplégico há 12)
Correio da Manhã – Recorda-se do acidente?
Paulo Aires – Muito pouco. Foi num domingo, dia 5 de Março de 1995, na antiga N18, perto de Portel. Tinha estado de manhã a arbitrar um jogo de futebol em Faro e lembro-me de almoçar em Beja no restaurante O Árbitro com os auxiliares que acabaram por morrer: o meu irmão Carlos Aires e o meu amigo Carlos Ramalho. Deu-se o despiste com colisão num pontão e estive sete meses em semicoma em Lisboa. Toda a gente pensava que ia morrer.
– Esse dia acabou com o fim do seu sonho?
– Trabalhava como guarda-nocturno da PSP e era árbitro. O acidente pôs fim ao sonho de ser árbitro internacional.
– O que mais o marcou depois do acidente?
– Além de ficar para sempre numa cadeira de rodas e de ficar dependente de outras pessoas, o que mais me entristeceu foi o afastamento de todos os meus amigos. Apenas a minha família [mulher e os dois filhos] e o ex-árbitro José Pratas me dão todo o apoio.
– Quais foram os apoios financeiros que recebeu depois do acidente?
– Ganho 200 euros da Segurança Social e mais 300 do Fundo de Auxílio à Arbitragem, na altura pedido pelo Jorge Coroado.
– Como vive o dia-a-dia?
– Passo o tempo entre casa e o café. Gostava de apitar um jogo de pessoas deficientes.
– Que mensagem deixa para o Dia da Memória?
– Os condutores têm de ter cuidado porque o carro é uma arma.